A osteocondrite dissecante é um problema que compromete a cartilagem e o osso logo abaixo dela. Surge com mais frequência em crianças e adolescentes ativos, mas também pode aparecer em adultos.
Aqui você encontra o passo a passo para reconhecer os sinais, confirmar o diagnóstico com segurança e definir o tratamento adequado para voltar às atividades sem risco.
O que é osteocondrite dissecante
O termo osteocondrite dissecante descreve a perda temporária do suprimento de sangue em um ponto do osso subcondral.
Quando isso ocorre, o osso sofre, a cartilagem sobre a área perde suporte e pode se soltar.
Em fases iniciais, o fragmento permanece no lugar, já em fases avançadas, pode haver instabilidade do fragmento ou até corpos livres dentro da articulação.
O joelho é a articulação mais afetada, porém, o quadro também aparece no tornozelo e no cotovelo.
Causas e fatores de risco
A causa exata ainda permanece incerta. A literatura aponta três eixos principais: microtraumas repetitivos em esportes de impacto, variações na vascularização local e predisposição familiar.
Treinos intensos com saltos e mudanças bruscas de direção aumentam a carga na região.
Idade entre 10 e 20 anos, alto volume de prática esportiva e histórico de dor recorrente no joelho compõem os fatores mais lembrados.
Sintomas mais comuns
A dor mecânica é o sintoma que mais chama atenção. Em geral, piora com corrida, saltos, escadas e lances decisivos no esporte, mas também podem surgir inchaço, sensação de falseio, estalos e travamentos.
Em fases silenciosas, a criança pode apenas reduzir o ritmo, sem conseguir explicar bem o incômodo. Quando há corpo livre, o joelho pode travar de forma súbita.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico começa com escuta atenta, história de dor induzida por esforço e exame físico direcionado.
Radiografias iniciais ajudam a localizar a lesão e estimar tamanho, enquanto a ressonância magnética define a estabilidade do fragmento, avalia o edema ósseo e a condição da cartilagem.
Esses dados orientam a conduta, já que a estabilidade e a maturidade esquelética influenciam diretamente o tratamento.
Tratamento passo a passo
A escolha do tratamento leva em conta a idade, tamanho da lesão, estabilidade e nível de dor.
Em linhas gerais, há dois caminhos: manejo conservador e cirurgia. A decisão também considera os objetivos do paciente, modalidade esportiva e prazos de competição.
Tratamento conservador
Quando a osteocondrite dissecante é estável e o paciente ainda está em crescimento, recomenda-se repouso relativo, controle de carga com muletas quando necessário e imobilização por curto período.
A fisioterapia foca no alívio da dor, fortalecimento de quadríceps e glúteos, controle de valgo dinâmico, mobilidade do tornozelo e core.
A progressão de impacto segue critérios clínicos, com reavaliação por imagem ao longo do acompanhamento.
Em muitos casos, quatro a seis meses de cuidado estruturado são suficientes para reduzir a dor e permitir o retorno gradual. O tempo pode variar conforme o tamanho da lesão e a resposta do osso.
Indicações de cirurgia
A cirurgia entra em cena quando o fragmento é instável, quando há deslocamento e a dor persiste mesmo com tratamento adequado ou quando a lesão é grande.
As técnicas incluem:
- Perfurações para estimular a revascularização.
- Fixação interna com pinos ou parafusos.
- Procedimentos de restauração da cartilagem, como microfraturas, mosaico de enxertos osteocondrais ou enxertos de cartilagem conforme avaliação do cirurgião.
No pós-operatório, o uso de muletas por algumas semanas é comum, seguido de fisioterapia para recuperar a amplitude de movimento, força e controle neuromuscular.
Reabilitação e retorno ao esporte
A reabilitação bem conduzida reduz recidiva e ajuda a preservar a cartilagem.
O plano inclui controle de dor e edema, ganho de extensão completa, fortalecimento progressivo, treino de salto e aterrissagem, corrida em linha, mudanças de direção e, por fim, gestos específicos do esporte.
O retorno pleno exige ausência de dor, força simétrica e confiança do paciente.
Prevenção e cuidados práticos
Alguns hábitos protegem o joelho durante o crescimento:
- Periodização de treinos.
- Descanso semanal.
- Técnica adequada de salto e aterrissagem.
- Calçado em bom estado.
- Atenção a sinais precoces.
Dor persistente não deve ser ignorada. Agende uma consulta o quanto antes, pois uma avaliação rápida evita que a osteocondrite dissecante evolua para instabilidade do fragmento.
FAQs
O que diferencia a osteocondrite dissecante de uma contusão comum?
Na contusão, há impacto direto e melhora em poucos dias. Na osteocondrite dissecante, a dor persiste com esforço, o exame de imagem mostra alteração do osso subcondral e a cartilagem pode perder suporte.
Toda osteocondrite dissecante precisa de cirurgia?
Não. Lesões pequenas e estáveis, especialmente em pacientes em crescimento, respondem bem ao manejo conservador, com controle de carga e fisioterapia monitorada.
Quanto tempo leva para voltar ao esporte?
O tempo médio varia entre quatro e seis meses, dependendo do tamanho da lesão, do tipo de tratamento e da resposta do paciente. O retorno deve ser gradual e guiado por critérios funcionais.
A osteocondrite dissecante pode causar artrose no futuro?
Lesões não tratadas ou com fragmento instável aumentam o risco de degeneração precoce. Um plano de cuidado adequado reduz esse risco e preserva a articulação ao longo dos anos.
Como saber se a lesão está cicatrizando?
A melhora clínica surge com redução da dor e ganho de função. Radiografias e ressonância magnética periódicas mostram sinais de consolidação, o que orienta a progressão de carga.