Lesões e Doenças do Joelho

Síndrome do Trato Iliotibial: causas, como tratar e prevenir

Entenda a Síndrome do Trato Iliotibial: causas, sintomas de dor na lateral do joelho e tratamentos com fisioterapia para alívio da inflamação.

A síndrome do trato iliotibial é uma causa frequente de dor na parte externa do joelho em quem corre ou pedala.

O quadro surge quando a banda fibrosa que vai do quadril à tíbia roça repetidamente na lateral do joelho. O atrito irrita os tecidos, inflama a região e passa a limitar treinos e tarefas do dia a dia.

Com diagnóstico preciso e um plano de reabilitação bem estruturado, a melhora tende a ser rápida e segura.

Este guia reúne sinais de alerta, exames que realmente ajudam, tratamentos com melhor evidência e passos práticos para diminuir o risco de recaídas.

O que é a síndrome do trato iliotibial

Trata-se de um quadro inflamatório causado pelo atrito do trato iliotibial na região lateral do joelho.

A faixa se origina no músculo tensor da fáscia lata e recebe fibras do glúteo máximo, seguindo pela parte externa da coxa até o tubérculo de Gerdy, na tíbia.

A síndrome do trato iliotibial aparece quando a repetição de flexões e extensões irrita os tecidos locais.

Como reconhecer os sintomas

Entre as queixas mais frequentes entre meus pacientes, destaco:

  • Dor lateral do joelho que cresce com o ritmo da corrida ou ao descer escadas.
  • Sensibilidade ao toque no epicôndilo lateral do fêmur.
  • Estalidos ao dobrar e estender o joelho.
  • Eventual dor na lateral do quadril por sobrecarga associada.
  • Aquecimento local.
  • Leve inchaço.
  • Em casos persistentes, a dor aparece já nos primeiros minutos de atividade ou até mesmo em repouso.

Causas e fatores de risco

A síndrome do trato iliotibial resulta de sobrecarga repetitiva somada a fatores biomecânicos. Alguns aumentam a chance de inflamação e recidiva, como:

  • Fraqueza dos abdutores do quadril, em especial glúteo médio.
  • Pronação excessiva do pé e controle motor insuficiente.
  • Torção tibial interna e joelho varo.
  • Volume e intensidade de treino sem progressão adequada.
  • Corrida em declive, inclinação lateral de pista e superfícies irregulares.
  • Calçado muito gasto ou inadequado ao seu tipo de passada.

Diagnóstico

O diagnóstico é clínico e começa com a história de dor lateral em padrão mecânico. Testes como o de Ober e palpação no epicôndilo lateral ajudam a confirmar.

Exames de imagem, como ressonância magnética, são reservados para casos atípicos ou quando é preciso afastar outras causas de dor no joelho, como lesão meniscal.

Tratamento passo a passo

Na maioria dos casos, a síndrome do trato iliotibial melhora com medidas conservadoras bem executadas. Abaixo, um roteiro prático que costuma funcionar.

  • Controle da dor com redução de carga, gelo por 15 a 20 minutos e, se indicado, uso curto de anti-inflamatórios e analgésicos prescritos por profissional habilitado.
  • Correção de fatores como progressão de treino, terreno, cadência de corrida e troca de calçado gasto.
  • Fisioterapia com liberação miofascial, mobilidade de quadril e exercícios de força para glúteo médio, rotadores e cadeia póstero-lateral.
  • Reeducação de técnica elevando levemente a cadência, passos mais curtos e controle de queda pélvica.
  • Retorno gradual com teste de tolerância sem dor durante e após a sessão.

Exercícios úteis na reabilitação

  • Ponte lateral apoiada, progredindo para abdução com elástico.
  • Agachamento unilateral assistido, foco em alinhamento de joelho.
  • Step down controlado, pouca amplitude no início.
  • Elevação pélvica com mini band acima dos joelhos.
  • Mobilidade de quadril e alongamento do trato iliotibial e isquiotibiais.

Tempo de recuperação e retorno à corrida

Com adesão ao tratamento, muitos pacientes retornam à corrida entre 4 e 8 semanas.

Critérios práticos ajudam na decisão: caminhar sem dor, saltar no mesmo lugar sem desconforto, realizar agachamento unilateral com bom controle.

A síndrome do trato iliotibial tende a recidivar quando a volta é apressada.

Prevenção: como reduzir o risco

Algumas dicas que compartilho com meus pacientes:

  • Fortalecer abdutores e rotadores de quadril ao menos duas vezes por semana.
  • Progredir volume em blocos pequenos, com semanas de descarga.
  • Variar o terreno e evitar longos treinos em declive.
  • Trocar o tênis quando a sola estiver gasta.
  • Monitorar sinais de alerta no dia seguinte ao treino.

Infiltração: quando considerar

Casos refratários podem se beneficiar de infiltração guiada, sempre após tentativa consistente de fisioterapia e ajuste de treino.

A decisão é individual e foca no alívio da dor para permitir avanço da reabilitação.

Cirurgia: situações raras

A cirurgia é exceção e fica para quadros persistentes, com falha do tratamento conservador bem conduzido ao longo de meses.

O objetivo é reduzir a tensão local e eliminar pontos de atrito. A indicação é feita por especialista em joelho.

Caso você tenha sido diagnosticado com síndrome do trato iliotibial, agende uma consulta para avaliar com atenção seu quadro e pensarmos na abordagem mais adequada.

FAQs

O que é a síndrome do trato iliotibial?

É um quadro inflamatório por atrito da faixa fibrosa que passa na lateral do joelho. A síndrome do trato iliotibial causa dor típica ao correr, descer escadas e treinos de descida.

Quais os sinais de alerta na corrida?

Dor lateral que surge após alguns minutos e piora com o ritmo, sensibilidade ao toque no epicôndilo lateral, estalos ao dobrar o joelho e desconforto no dia seguinte.

Ressonância é sempre necessária?

Não. A avaliação clínica costuma bastar. A ressonância é útil quando há dúvida diagnóstica ou pouca resposta ao tratamento inicial.

Quanto tempo leva para melhorar?

A maioria melhora entre 4 e 8 semanas com controle de carga, fisioterapia e reforço de quadril. O retorno depende de tolerância sem dor durante e após o treino.

Posso continuar treinando com dor?

É melhor reduzir a carga, ajustar terreno e incluir exercícios de força. Treinar sobre dor mantenedora tende a prolongar a inflamação.

Quando pensar em infiltração ou cirurgia?

Infiltração entra quando a dor impede a reabilitação após semanas de tratamento bem feito. Cirurgia fica para falhas persistentes acompanhadas por especialista.

Dr. Ulbiramar Correia

Ortopedista especialista em joelho Goiânia. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia). [CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240].

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo