A condromalácia patelar grau 4 é a etapa em que a cartilagem sob a patela se perde por completo, com exposição do osso subcondral.
O meu objetivo com esse artigo é explicar os sinais, causas, exames e tratamentos, incluindo quando operar e como organizar a reabilitação.
O que é condromalácia patelar grau 4
Na condromalácia patelar grau 4, há falha total do revestimento cartilaginoso na faceta patelar, o que gera atrito direto com o fêmur.
Isso costuma provocar dor ao agachar, subir escadas, ficar sentado por muito tempo e ao retomar esportes que exigem flexão repetida do joelho.
Sintomas e sinais de alerta
- Dor na frente do joelho que piora em degraus, ladeiras e após permanecer sentado.
- Estalos, sensação de raspagem e travamentos ocasionais.
- Inchaço recorrente do joelho, com sensação de pressão.
- Queda de força do quadríceps e dificuldade para retornar ao treino.
- Rigidez ao iniciar o movimento após repouso.
Causas e fatores que aumentam o risco
- Traumas e entorses com impacto na articulação patelofemoral.
- Alinhamento desfavorável da patela ou tilt patelar.
- Fraqueza de glúteos e quadríceps, com valgo dinâmico ao agachar e saltar.
- Sobrepeso, treino com cargas mal distribuídas e superfícies duras.
- Histórico de luxação patelar, lesões meniscais e instabilidade ligamentar.
- Idade biológica e doenças inflamatórias que aceleram o desgaste.
Como o médico confirma o diagnóstico
O processo começa por anamnese e exame físico com testes funcionais.
O profissional observa o padrão de marcha, controle do joelho durante o agachamento, mobilidade do quadril e estabilidade do tornozelo.
A avaliação clínica orienta os exames de imagem e define prioridades do plano terapêutico.
Exames de imagem e artroscopia
- Ressonância magnética para mensurar tamanho, profundidade e localização da lesão condral, além de derrame e edema ósseo.
- Radiografias para estudar o alinhamento, contato patelofemoral e sobrecarga.
- Artroscopia confirma a classificação da lesão e permite tratar no mesmo ato quando indicado.
Tratamento não cirúrgico
Mesmo em condromalácia patelar grau 4, muitas pessoas ganham função e reduzem a dor com um protocolo bem estruturado.
A decisão depende de sintomas, tamanho da lesão, demandas do paciente e objetivos esportivos.
- Fisioterapia focada em controle de cargas com reforço de glúteos, quadríceps e core, correção do valgo dinâmico e progressão de impacto.
- Higiene de treino com ajuste de volume, técnica e cadência, evitando flexões profundas sem preparo.
- Perda de peso quando necessário, favorecendo a redução de sobrecarga patelofemoral.
- Viscossuplementação com ácido hialurônico para melhorar a lubrificação e dor.
- Controle de dor e inflamação com recursos físicos e medicação quando indicada.
Quando considerar a cirurgia
A cirurgia entra em cena quando a condromalácia patelar grau 4 mantém dor e limitação apesar do tratamento conservador bem executado.
O tipo de lesão, a idade biológica e o nível de atividade guiam a escolha.
Opções cirúrgicas mais usadas
- Microfraturas para defeitos menores e bem delimitados. Pequenos orifícios no osso subcondral formam fibrocartilagem que preenche a área exposta.
- Mosaicoplastia para lesões focais com área reduzida. Plugs osteocondrais do próprio joelho preenchem o defeito e restauram a superfície.
- Membrana de colágeno (técnicas guiadas por matriz) indicada para áreas moderadas, com estímulo à formação de cartilagem de melhor qualidade.
- Realinhamento patelar quando o problema inclui instabilidade ou sobrecarga por mau alinhamento.
- Artroplastia reservada a casos extensos com degeneração difusa e falha de outras estratégias.
Reabilitação após cirurgia
O retorno progride por fases, respeitando a cicatrização e dor. A rotina costuma incluir controle de edema, ganho de mobilidade, fortalecimento progressivo e reaprendizado motor.
A volta à corrida e saltos exige critérios objetivos de força e simetria.
Prevenção e cuidados no dia a dia
- Fortalecer a cadeia lateral do quadril e quadríceps, com ênfase no controle do valgo.
- Subir e descer escadas com passo curto, mantendo o joelho alinhado com o pé.
- Organizar treinos com intervalos adequados e variação de estímulos.
- Calçados estáveis e atenção ao terreno para reduzir impacto repetitivo.
Quando procurar avaliação
Caso você sinta dor anterior no joelho por mais de duas a quatro semanas, inchaço que se repete, perda de força e estalos dolorosos, agende sua consulta.
O acompanhamento precoce evita a progressão e acelera o retorno às atividades.
FAQs
Condromalácia patelar grau 4 sempre precisa de cirurgia?
Nem sempre. Uma parte dos pacientes melhora com ajuste de cargas, fisioterapia e viscossuplementação. Cirurgia entra quando a dor e a limitação persistem apesar do protocolo correto.
Qual exame define condromalácia patelar grau 4?
A ressonância magnética quantifica área e profundidade do defeito. A artroscopia confirma o grau e pode tratar no mesmo momento quando indicado.
Microfraturas e mosaicoplastia têm recuperação diferente?
Sim. Microfraturas exigem proteção de carga inicial e progressão cautelosa. Mosaicoplastia demanda controle de dor, mobilidade e integração do enxerto com metas específicas de força.
Quanto tempo para voltar a correr?
Varia conforme técnica, tamanho da lesão e resposta individual. Em muitos casos a corrida controlada inicia após três a quatro meses, seguindo critérios de força, simetria e ausência de dor.
Condromalácia patelar grau 4 vira artrose do joelho?
Pode acontecer quando existem defeitos amplos e sobrecarga não corrigida. Controle de fatores de risco e reabilitação adequada reduzem a chance de evolução.
A viscossuplementação ajuda em grau 4?
Ajuda a lubrificar e reduzir dor, o que abre espaço para treinar força e controle. O benefício depende do perfil da lesão e do plano global de tratamento.