Lesões e Doenças do Joelho

Luxação recidivante da patela: causas, sintomas e tratamento

Saiba as causas da luxação recidivante da patela, sinais de alerta e como tratar.

Na luxação recidivante da patela, a patela sai do trilho repetidas vezes, deixando o joelho instável, dolorido e o paciente inseguro para mexer a perna.

Em muitos casos, o primeiro susto acontece após um trauma no joelho; depois, o deslocamento pode surgir até em gestos simples do dia a dia, como girar o corpo ou levantar da cadeira.

Entender por que a patela desloca e como é o tratamento ajuda o paciente, junto ao ortopedista, a reduzir novos episódios e proteger a cartilagem

O que é luxação recidivante da patela

A luxação recidivante da patela é uma condição em que a patela, o osso localizado na frente do joelho, sai repetidamente de seu trilho natural na tróclea do fêmur.

O primeiro episódio costuma estar ligado a um entorse, queda ou trauma esportivo. A partir daí, a articulação pode ficar instável e mais vulnerável a novos deslocamentos.

Em muitas pessoas, a patela chega a “voltar para o lugar” sozinha, porém, o dano aos ligamentos e à cartilagem permanece.

Quando isso não é tratado de forma adequada, o risco de nova luxação aumenta, caracterizando a luxação recidivante da patela.

Por que a patela sai do lugar repetidas vezes?

Fatores anatômicos

Algumas pessoas nascem com características anatômicas que favorecem a luxação recidivante da patela. Entre as alterações mais comuns, destacam-se:

  • Patela alta;
  • Tróclea rasa ou mal formatada;
  • Joelho em valgo (joelho em X);
  • Hiperfrouxidão ligamentar.

Esses fatores não causam luxação recidivante da patela sozinhos, mas diminuem a estabilidade natural do joelho e reduzem a energia necessária para que a patela saia do trilho.

Fatores biomecânicos e musculares

Alterações na força e no controle dos músculos do quadril, joelho e tornozelo também pesam muito.

Fraqueza de glúteos, quadríceps e musculatura do core, somada a padrões ruins de movimento, favorece o desvio da patela para o lado externo durante corrida, salto, aterrissagem ou mudança brusca de direção.

Traumas e esportes

Esportes com mudança rápida de direção, contato físico ou desacelerações bruscas, como futebol, basquete, tênis e dança, aumentam a sobrecarga sobre a patela.

Um entorse inicial pode romper o ligamento femoropatelar medial, estrutura essencial para manter a patela alinhada. Sem esse ligamento íntegro, a chance de nova luxação cresce bastante.

Principais sintomas

Os sintomas variam conforme o número de episódios, o grau de dano estrutural e o nível de atividade da pessoa, mas alguns sinais aparecem com frequência:

  • Sensação de que o joelho “falha” ou “sai do lugar” em movimentos simples;
  • Dor na parte anterior do joelho, que piora em agachamentos, subir e descer escadas ou correr;
  • Inchaço após episódios de luxação, às vezes com derrame articular;
  • Medo de dobrar o joelho ou apoiar o peso em certas posições;
  • Limitação para esportes e até para caminhar em terrenos irregulares.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico começa com conversa detalhada com o paciente, exame físico minucioso e exames de imagem específicos.

O ortopedista procura saber quando ocorreram os primeiros episódios, qual movimento em si estava sendo realizado, se houve trauma direto e quantas vezes a patela saiu do lugar.

No exame físico, o especialista observa alinhamento dos membros, presença de joelho em X, mobilidade da patela, teste de apreensão e sinais de frouxidão ligamentar pelo corpo.

Exames de imagem

  • Radiografias em pé ajudam a avaliar o eixo do joelho, a altura da patela e eventuais deformidades ósseas.
  • A tomografia permite medir parâmetros de alinhamento entre fêmur e tíbia, além de dados usados na decisão sobre procedimentos ósseos.
  • A ressonância magnética mostra o estado do ligamento femoropatelar medial, da cartilagem da patela e da tróclea, além de lesões associadas, como contusões ósseas e lesões de menisco.

Com essas informações, o ortopedista define se a luxação recidivante da patela pode ser tratada de forma conservadora ou se há indicação cirúrgica.

Tratamento conservador

O tratamento sem cirurgia costuma ser indicado para pacientes com poucos episódios, sem grande dano estrutural e sem alterações anatômicas graves.

  • Controle da dor e do inchaço: uso de gelo, medicações prescritas pelo médico e, em alguns casos, imobilização temporária;
  • Fisioterapia: fortalecimento de quadríceps, glúteos e musculatura do core, treino de equilíbrio e reeducação de movimentos como agachar, saltar e aterrissar;
  • Correção de padrões de movimento: ajustes em gestos esportivos e na forma de correr, subir escadas e treinar;
  • Órteses e joelheiras: podem ser usadas em fases específicas, principalmente no retorno a esportes.

Quando precisa de cirurgia

A indicação de cirurgia não depende apenas do número de episódios.

O ortopedista leva em conta o impacto no dia a dia, o grau de instabilidade, achados dos exames de imagem e os objetivos do paciente, principalmente quando há prática esportiva intensa.

  1. Múltiplos episódios de luxação recidivante da patela;
  2. Sensação constante de instabilidade, mesmo em atividades simples;
  3. Falha do tratamento conservador bem conduzido;
  4. Lesões de cartilagem documentadas por ressonância;
  5. Alterações anatômicas importantes, como patela muito alta ou tróclea muito rasa.

Pós-operatório e reabilitação

O tempo de recuperação varia conforme o tipo de cirurgia e a presença de procedimentos ósseos. Em linhas gerais, o plano costuma seguir etapas bem definidas.

  • Primeiras semanas: uso de muletas, controle da dor, proteção da cirurgia e ganho progressivo de mobilidade do joelho;
  • Fase intermediária: fortalecimento mais intenso, foco em equilíbrio, coordenação e retomada de movimentos funcionais;
  • Retorno ao esporte: ocorre apenas após liberação do ortopedista, com apoio da fisioterapia e, muitas vezes, da educação física, respeitando critérios de força, estabilidade e confiança.

Seguir as orientações do time de reabilitação é essencial para que a cirurgia traga o resultado esperado e a luxação recidivante da patela deixe de limitar a vida do paciente.

Como reduzir o risco de novas luxações

Mesmo após boa cirurgia ou tratamento conservador bem conduzido, o joelho precisa de cuidado contínuo. Algumas atitudes ajudam a proteger a patela a longo prazo:

  1. Manter programa regular de fortalecimento de quadríceps, glúteos e core;
  2. Cuidar do peso corporal para não sobrecarregar o joelho;
  3. Treinar gestos esportivos com orientação de profissional habilitado;
  4. Evitar aumento brusco de carga ou volume de treino;
  5. Respeitar dor e inchaço como sinais de alerta.

Quando procurar um especialista em joelho

Quem já teve mais de um episódio de luxação recidivante da patela, sente o joelho instável ou evita movimentos por medo de a patela sair do lugar deve marcar consulta com médico especialista em luxação de patela.

Quanto mais cedo a causa é identificada, maior a chance de controlar a instabilidade, preservar a cartilagem e retomar a rotina com segurança.

FAQs

O que é luxação recidivante da patela?

É a situação em que a patela sai do lugar repetidas vezes, gerando instabilidade no joelho. Em geral, começa com um trauma inicial e, a partir daí, novos episódios podem ocorrer com esforços menores.

Luxação recidivante da patela tem cura?

Em muitos pacientes é possível controlar a luxação recidivante da patela com fisioterapia e correção de fatores de risco. Quando há grande instabilidade ou deformidades ósseas, a cirurgia pode oferecer estabilidade duradoura e retorno seguro às atividades.

Quando a luxação recidivante da patela precisa de cirurgia?

A cirurgia costuma ser indicada diante de múltiplos episódios de luxação recidivante da patela, sensação constante de instabilidade, falha do tratamento conservador ou presença de lesão de cartilagem e alterações anatômicas importantes nos exames de imagem.

Quanto tempo leva a recuperação após a cirurgia da patela?

O retorno às atividades do dia a dia acontece de forma progressiva nas primeiras semanas. Para esportes, o período costuma variar entre quatro e seis meses, dependendo do tipo de procedimento e da resposta individual à fisioterapia.

Quem tem luxação recidivante da patela pode fazer esporte?

Na maioria dos casos, sim. O ponto central é tratar a causa da luxação recidivante da patela, fortalecer a musculatura e seguir um plano estruturado de retorno ao esporte, sempre com liberação do ortopedista e suporte da equipe de reabilitação.

Dr. Ulbiramar Correia

Ortopedista especialista em joelho Goiânia. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia). [CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240].

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