Tratamentos e Procedimentos

Glicosamina e condroitina funcionam para joelho?

Veja se realmente glicosamina e condroitina funcionam para joelho e o que a ciência mostra.

Muita gente chega ao consultório perguntando se glicosamina e condroitina funcionam para joelho, muitas vezes já tomando o suplemento por conta própria.

A promessa é tentadora, um comprimido que poderia regenerar a cartilagem, reduzir a dor e adiar uma cirurgia.

Quando olhamos com calma para os estudos, a história é bem menos animadora do que o marketing costuma sugerir.

Para responder com responsabilidade, é preciso entender como essas moléculas atuam, que tipo de estudo foi feito, quais são os resultados em comparação com placebo e quais riscos existem, em especial para quem tem diabetes ou sobrepeso.

A partir daí fica mais fácil decidir, junto com o ortopedista especialista em patologias de joelho, qual caminho seguir.

O que são glicosamina e condroitina

A cartilagem do joelho tem poucas células e é formada, em grande parte, por uma matriz rica em substâncias chamadas glicosaminoglicanos.

São elas que seguram água dentro do tecido e dão aquele efeito de “colchão”, ajudando a amortecer o impacto e a proteger o osso.

Glicosamina e condroitina fazem parte dessa estrutura da cartilagem. Por isso, acabaram ganhando destaque como possíveis suplementos para quem convive com artrose no joelho.

Quem estuda o tema partiu de uma ideia bem direta: se a cartilagem usa glicosamina e condroitina na sua estrutura, tomar essas substâncias em cápsulas poderia dar um reforço ao tecido, ajudar a segurar a inflamação e deixar a dor menos intensa.

Com esse conceito em mente, vários grupos começaram a testar os suplementos, e a possibilidade de glicosamina e condroitina ajudarem quem tem artrose no joelho foi ganhando espaço entre médicos, pacientes e no balcão das farmácias.

Por que tanta gente acredita que glicosamina e condroitina funcionam para joelho

No início, os trabalhos sobre esses suplementos eram bem modestos, com poucos pacientes e critérios de pesquisa menos rigorosos.

Alguns mostraram melhora discreta na dor e na função do joelho, o que ajudou a alimentar o entusiasmo em torno do tema.

Anos depois, vieram estudos maiores, do tipo ensaio clínico randomizado. Em um braço, os pacientes tomavam glicosamina e condroitina; no outro, comprimidos inativos, idênticos na aparência, usados como placebo.

Nem o paciente nem o médico sabiam quem estava recebendo o quê, o que evitava interferência na avaliação.

Quando esses estudos são analisados em conjunto, em meta-análises publicadas em boas revistas científicas, o cenário muda.

A melhora de dor relatada por quem toma glicosamina e condroitina, em muitos trabalhos, é igual ou muito parecida com a de quem tomou placebo.

O que mostram as evidências científicas mais fortes

Sociedades médicas que revisam de forma crítica os estudos sobre artrose, como grandes associações internacionais de ortopedia e reumatologia, vêm apontando um padrão semelhante, a evidência de benefício consistente para glicosamina e condroitina no joelho é fraca.

Isso não significa que ninguém melhore, cerca de 20 a 30 % dos pacientes relatam alguma redução da dor, o que também ocorre com placebo.

O problema é que, quando se compara estatisticamente os grupos, o ganho não é claro o suficiente para sustentar a ideia de que glicosamina e condroitina funcionam para joelho de forma confiável, previsível e superior a outras abordagens.

Por esse motivo, muitas diretrizes sugerem que, se o paciente e o médico decidirem tentar o suplemento, o uso seja testado por um período limitado, em geral até seis meses.

Riscos e efeitos colaterais mais comuns

Toda medicação ou suplemento pode trazer efeitos indesejados, e com glicosamina e condroitina não é diferente.

  • Quem tem intolerância à glicose, pré-diabetes ou diabetes precisa conversar com o médico antes de usar esse tipo de suplemento e manter os exames sob vigilância mais de perto por causa da elevação do nível de açúcar.
  • Alguns pacientes relatam aumento de peso, sensação de estômago estufado, enjoo, queimação e mudança no funcionamento do intestino.
  • Em pessoas alérgicas a frutos do mar, o risco é maior, pois muitos produtos usam derivados de crustáceos na fabricação.
  • Outro ponto é a interação com medicamentos, especialmente anticoagulantes.

Por isso, usar glicosamina e condroitina para joelho sem contar ao médico pode criar problemas que seriam evitáveis com uma simples revisão da lista de remédios em uso.

Quando ainda pode fazer sentido usar esses suplementos

Em alguns casos, o paciente já chega usando glicosamina e condroitina para joelho há algum tempo e relata que se sente melhor, com menos dor e mais confiança para caminhar.

Quando não há contraindicações claras, uma possibilidade é combinar essa experiência individual com o que dizem os estudos.

Nessa situação, muitos especialistas discutem com o paciente um teste com prazo definido, por exemplo, manter o uso por alguns meses, sempre associado a medidas realmente efetivas, como fortalecimento muscular, perda de peso e ajuste de atividade física.

Se a melhora se mantiver e os exames estiverem estáveis, pode-se avaliar caso a caso se vale a pena seguir. Se não houver mudança significativa, a suspensão costuma ser o caminho mais racional.

FAQs

Glicosamina e condroitina funcionam para joelho em todo mundo?

Não. Alguns pacientes relatam melhora de dor, mas os estudos mostram que, no grupo como um todo, o resultado costuma ser parecido com o placebo. Por isso, não dá para garantir que glicosamina e condroitina funcionam para joelho de forma consistente, nem que serão a melhor opção para cada pessoa.

Quem tem diabetes pode tomar glicosamina e condroitina para joelho?

Quem tem diabetes, pré-diabetes ou intolerância à glicose precisa de cuidado extra. Existe risco de aumento da glicemia, por isso o uso só deve ser feito com liberação do médico e acompanhamento regular de exames. Em muitos casos, outras estratégias trazem mais benefício com menor risco.

Por quanto tempo usar glicosamina e condroitina para joelho?

Diretrizes costumam sugerir um teste por tempo limitado, em torno de três a seis meses. Se nesse período não houver melhora clara da dor e da função, o suplemento tende a ser suspenso. Manter por anos, sem benefício evidente, representa custo alto sem justificativa sólida.

Que sinais indicam que está na hora de rever o tratamento da artrose do joelho?

Aumento da dor, perda de mobilidade, dificuldade para caminhar trajetos curtos, sono prejudicado por dor noturna e queda de qualidade de vida são sinais de alerta. Nesses casos, é importante reavaliar o joelho com o ortopedista, ajustar o plano de tratamento e discutir opções como infiltração ou cirurgia, em vez de apostar apenas em suplementos.

Dr. Ulbiramar Correia

Ortopedista especialista em joelho Goiânia. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia). [CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240].

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