Cirurgia do Joelho

Lesão de LCM precisa de cirurgia? Saiba quando operar

Descubra se a lesão de LCM precisa de cirurgia e quando não operar.

Se você ouviu que lesão de LCM precisa de cirurgia, calma. Em boa parte dos casos, o ligamento colateral medial (LCM) melhora com tratamento bem feito.

Só que existe um grupo de situações em que a lesão de ligamento colateral medial precisa de cirurgia para o joelho não ficar “abrindo” e para reduzir o risco de novas lesões dentro da articulação.

O ponto é saber diferenciar um quadro que cicatriza sozinho de outro que não vai estabilizar sem correção.

O que é o LCM e por que ele costuma cicatrizar melhor

O ligamento colateral medial fica na parte interna do joelho e liga o fêmur à tíbia. Ele segura o joelho contra a força que empurra a perna para dentro (o “valgo”).

Em geral, ele tem boa irrigação e isso ajuda a cicatrização, principalmente nas lesões recentes e quando o joelho é protegido do estresse em valgo.

Na prática, muitos pacientes com lesão parcial, e até com ruptura completa isolada, evoluem bem com imobilizador articulado, fisioterapia e um plano de progressão.

O problema começa quando há instabilidade persistente ou quando a lesão tem características que atrapalham a reinserção do ligamento no osso.

Quando a lesão de LCM precisa de cirurgia

A decisão não é por “nome do diagnóstico”, é por estabilidade e contexto. Estas são as situações em que, com frequência, a lesão de LCM precisa de cirurgia:

  • Lesão multiligamentar: LCM associado a LCA, LCP, canto posteromedial ou outras estruturas. O joelho fica mais instável, e isso reduz a chance de cicatrização funcional do LCM.
  • Avulsão na tíbia com interposição de tecidos: quando o LCM rompe perto da tíbia, tendões da região (pata de ganso) podem “entrar no caminho” e impedir a reinserção adequada.
  • Instabilidade medial importante no exame: sensação clara de joelho abrindo, falseios e “medo de apoiar”, com abertura medial relevante nos testes de estresse em valgo.
  • Lesão crônica instável: quando passou tempo, o ligamento alonga, o tecido fica frágil e já não tem potencial real de cicatrização.
  • Falha do tratamento conservador: você fez proteção, reabilitação, seguiu o plano e, mesmo assim, continuou com instabilidade e limitação funcional.
  • Demanda esportiva alta com instabilidade: atletas e praticantes de esporte com giro e contato, quando a estabilidade medial não volta de forma confiável.

Quando é possível tratar sem operar

Na maioria das lesões grau 1 e grau 2, o caminho costuma ser conservador. Em parte das lesões grau 3 isoladas, também.

A ideia é proteger o joelho do valgo, controlar a dor e o inchaço, recuperar o movimento e fortalecer com progressão. Um roteiro comum envolve:

  1. Imobilizador (muitas vezes articulado) por algumas semanas, ajustado ao quadro.
  2. Controle de marcha, às vezes com muletas no começo.
  3. Fisioterapia precoce para ativar a musculatura e recuperar a amplitude.
  4. Fortalecimento e treino de controle do movimento.
  5. Retorno gradual ao esporte, só quando estabilidade e força estiverem adequadas.

Tratamento sem cirurgia não é “deixar quieto”. Se você ignora proteção e reabilitação, aumenta a chance de o joelho ficar frouxo.

Aí, com o tempo, vira o cenário clássico em que a lesão de LCM precisa de cirurgia por instabilidade crônica.

Como o especialista confirma a gravidade

O exame físico é a principal diretriz. O médico compara os dois joelhos e faz testes de estresse em valgo, em diferentes ângulos, para ver quanto o lado interno abre.

Quando a dor e o inchaço atrapalham, pode ser necessário reavaliar alguns dias depois.

Exames de imagem ajudam a fechar o quadro e mapear lesões associadas.

  • A ressonância magnética mostra o ponto da ruptura e se há menisco, cartilagem ou outros ligamentos envolvidos.
  • Radiografias podem ser úteis para descartar fratura e, em casos selecionados, testes com estresse quantificam a abertura medial.

Como é a cirurgia do LCM e o que esperar da recuperação

Quando a lesão de LCM precisa de cirurgia, existem duas estratégias principais: reparo e reconstrução.

  1. No reparo, o ligamento é reinserido no osso com suturas e âncoras, indicado mais em lesões recentes com “arrancamento” e tecido viável.
  2. Na reconstrução, usa-se um enxerto de tendão para substituir a função do ligamento, opção comum em lesões antigas ou com tecido ruim.

A reabilitação costuma envolver proteção inicial, ganho progressivo de movimento e fortalecimento em fases.

O tempo de retorno ao esporte varia conforme o conjunto de lesões (principalmente quando há outros ligamentos). O objetivo é voltar com estabilidade real, e não só “sem dor”.

Sinais de alerta para procurar avaliação rápida

Fique atento a esses sinais, pois exigem avaliação cuidadosa de um médico ortopedista de joelho:

  • Sensação clara de joelho abrindo para dentro.
  • Falseios repetidos ao caminhar.
  • Inchaço importante após trauma.
  • Dificuldade de apoiar o peso e mancar por dias.
  • Suspeita de lesão associada (estalo forte, travamento, instabilidade para trás ou para frente).

Quanto antes a lesão de LCM é diagnosticada, melhores são os prognósticos, inclusive com a possibilidade de não precisar de cirurgia.

FAQs

Toda lesão grau 3 do LCM precisa de cirurgia?

Não. Algumas rupturas completas isoladas evoluem bem com proteção e reabilitação. A indicação depende da instabilidade e do local da ruptura.

LCM junto com LCA aumenta a chance de operar?

Sim. Lesões combinadas deixam o joelho mais instável. Em parte dos casos, o LCM é tratado com proteção no início, mas se a instabilidade medial persiste, a lesão de LCM precisa de cirurgia.

Ruptura perto da tíbia muda o tratamento?

Muda. Quando há risco de interposição de tecidos na fixação tibial, a chance de não cicatrizar bem é maior, e a cirurgia passa a ser considerada mais cedo.

Quanto tempo leva o tratamento sem cirurgia?

Varia, mas é comum proteger por semanas e reabilitar por meses, com progressão por critérios de força, controle e estabilidade, não só por calendário.

Se eu não fizer fisioterapia, posso piorar?

Sim. Sem reabilitação, o joelho tende a ficar frouxo e dolorido. Em alguns casos, isso empurra o quadro para instabilidade crônica, quando a lesão de LCM precisa de cirurgia.

Como saber se o joelho está realmente estável?

Pelo exame físico comparativo, pela sua função no dia a dia e, quando necessário, por exames que quantificam a abertura medial. “Sem dor” não garante estabilidade.

Dr. Ulbiramar Correia

Ortopedista especialista em joelho Goiânia. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia). [CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240].

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