Lesão do ligamento colateral medial: sintomas e tratamento
Aprenda como identificar e tratar com segurança a lesão do ligamento colateral medial.
Quando acontece uma lesão do ligamento colateral medial, é comum surgir medo de apoiar o pé no chão.
A dor costuma se concentrar na parte interna do joelho. A insegurança para andar aparece rápido, principalmente nos primeiros dias após o trauma.
O ligamento colateral medial (LCM) age como um reforço na parte interna do joelho. Quando ele estira ou rompe, surgem dor, inchaço e, em alguns casos, sensação de falseio.
O ponto principal é entender a gravidade do quadro, diferenciar uma distensão leve de uma ruptura importante e escolher o caminho certo de reabilitação.
O que é o ligamento colateral medial e qual sua função
O LCM fica no lado de dentro do joelho e faz a ligação entre o fêmur e a tíbia. Ele entra em ação para segurar o joelho contra o valgo, que é a força que tende a “abrir” a parte interna da articulação.
No dia a dia, esse ligamento ajuda a manter o joelho alinhado e mais seguro em tarefas simples, como caminhar, agachar e virar o corpo para mudar de direção. Em esportes com contato, arrancadas e giros, a cobrança em cima dele aumenta bastante.
Um ponto que pesa a favor é a vascularização do LCM, que costuma ser boa, facilitando a cicatrização em várias situações de lesão quando ela é isolada, o que explica por que muita gente evolui bem com manejo conservador, desde que o diagnóstico esteja bem feito.
Como acontece a lesão do ligamento colateral medial
A lesão do ligamento colateral medial aparece, em geral, quando o joelho sofre uma força empurrando a articulação para dentro.
Isso pode ocorrer em uma dividida no futebol, em uma queda com o pé preso no chão, em uma torção ao descer um degrau ou até em acidentes.
O mecanismo pode ser direto (batida na parte de fora do joelho) ou indireto (torção com o corpo girando e o pé “travado”).
- Esportes com contato: futebol, rúgbi, basquete, lutas.
- Esportes com mudança de direção: vôlei, handebol, tênis.
- Traumas do dia a dia: escorregões, tropeços e quedas.
Sintomas mais comuns
O sintoma clássico é a dor na parte interna do joelho, muitas vezes bem localizada ao longo do trajeto do ligamento.
Dependendo do grau, a pessoa pode caminhar com dificuldade, mancar e sentir que o joelho “abre” quando tenta apoiar e girar.
- Dor medial ao tocar e ao apoiar o peso.
- Inchaço nas primeiras horas ou dias.
- Hematoma em alguns casos, aparecendo dias depois.
- Instabilidade ou sensação de falseio, mais frequente nas lesões mais importantes.
Um cuidado útil é observar o momento do trauma:
- Dor forte imediata com dificuldade para andar sugere lesão aguda.
- Se passaram semanas e o incômodo diminuiu, mas permanece insegurança para movimentos laterais, pode existir frouxidão residual.
Como confirmar o diagnóstico
O diagnóstico começa na consulta, com relato do mecanismo do trauma e exame físico.
O teste mais conhecido é o estresse em valgo, feito de forma controlada para avaliar se existe abertura anormal na parte interna do joelho e qual é a “firmeza” do final do movimento, ajudando a estimar a gravidade e a suspeitar de lesões associadas.
Os exames complementares entram para confirmar o diagnóstico e checar estruturas internas do joelho.
- Ressonância magnética: mostra o LCM e ajuda a avaliar meniscos, cartilagem e outros ligamentos.
- Ultrassom: pode identificar lesões do LCM em situações específicas, dependendo do serviço e do examinador.
- Radiografias: úteis para descartar fraturas e avaliar alinhamento, inclusive com estresse em alguns casos.
Graus da lesão do LCM e o que muda na prática
A classificação mais usada divide a lesão em três graus. O nome ajuda, mas o que realmente importa é como o joelho se comporta no exame e no dia a dia.
- Grau 1: distensão, dor local, sem instabilidade relevante.
- Grau 2: ruptura parcial, pode haver instabilidade perceptível.
- Grau 3: ruptura completa, instabilidade clara no exame.
Lesões grau 1 e muitas grau 2 melhoram com proteção e fisioterapia. Parte das grau 3 isoladas também evolui bem sem cirurgia.
Quando existe combinação com outros ligamentos, quando a instabilidade persiste ou quando o caso é crônico com limitação importante, a discussão cirúrgica ganha espaço.
Tratamento sem cirurgia: o que costuma funcionar
O tratamento conservador tem etapas.
No começo, o objetivo é reduzir dor, proteger o ligamento e manter o joelho “acordado”, sem deixar a articulação travar. Depois, o foco muda para força, controle e retorno gradual ao esporte.
- Proteção: evitar pivôs, contato e mudanças bruscas de direção.
- Órtese: joelheira ou imobilizador, conforme dor e instabilidade.
- Muletas: quando mancar ou sentir insegurança para apoiar.
- Fisioterapia: mobilidade, ativação muscular, fortalecimento e treino de estabilidade.
O tempo varia, mas um marco comum é cerca de 6 semanas para cicatrização inicial do LCM, com progressão individualizada.
O retorno ao esporte pede critérios claros: dor controlada, boa força, confiança no gesto esportivo e testes funcionais satisfatórios.
Quando a cirurgia entra no jogo
A cirurgia não é regra. Ela costuma ser considerada quando:
- Existe lesão combinada com outros ligamentos.
- Há instabilidade medial importante que não melhora com reabilitação
- Existe exigência alta e persistência de queixa em alguns casos de atletas.
Há duas ideias principais:
- Reparo: reinserir o ligamento ao osso em lesões recentes, quando o tecido permite.
- Reconstrução: criar um novo “LCM” com enxerto, mais comum em lesões antigas ou tecido de baixa qualidade.
Mesmo com cirurgia, a reabilitação continua sendo determinante. Sem treino de mobilidade, força e controle, o joelho pode ficar rígido e inseguro.
Tempo de recuperação e retorno ao esporte
Em quadros leves, a evolução pode ser rápida. Em lesões parciais, o processo costuma exigir semanas de reabilitação bem feita. Em casos completos e combinados, a recuperação pode levar alguns meses.
O retorno precisa ser progressivo, respeitando a resposta do joelho e a estabilidade em movimentos laterais.
Se você quer reduzir risco de recaída, vale priorizar:
- Fortalecimento de quadríceps, isquiotibiais e glúteos, treino de equilíbrio.
- Técnica de mudança de direção.
- Preparo gradual para o gesto específico do seu esporte.
Quando houver dúvida sobre gravidade, presença de outras lesões ou persistência de instabilidade, a avaliação com médico ortopedista experiente em LCM faz toda diferença para ajustar o plano e encurtar o caminho até uma recuperação completa.



