Por que mulheres têm mais problemas de joelho?
Descubra por que mulheres têm mais problemas de joelho e dicas para evitar lesões.
Muita gente percebe na prática: em grupos de corrida, academias ou consultórios, mulheres aparecem com dor no joelho com frequência maior que os homens.
Entender por que mulheres têm mais problemas de joelho ajuda a ajustar treino, rotina e cuidados, reduzindo o risco de lesões e de dor crônica.
Por que mulheres têm mais problemas de joelho na prática?
Quando se coloca lado a lado homens e mulheres com rotina de atividade parecida, vários estudos mostram que elas têm mais episódios de dor na parte da frente do joelho, instabilidade da patela, lesão do ligamento cruzado anterior e artrose.
Isso se explica por características da forma dos ossos, do eixo dos membros inferiores, da força muscular e da ação hormonal, que aumentam a carga sobre a articulação.
Por esse motivo, ao investigar por que mulheres apresentam mais problemas no joelho, o olhar não deve ficar restrito apenas à articulação, mas considerar todo o contexto biomecânico.
Quadril, tornozelo, musculatura do tronco e padrão de movimento precisam ser avaliados em conjunto, além da fase da vida, como adolescência, vida fértil e menopausa.
Diferenças anatômicas que aumentam a carga no joelho feminino
Em mulheres, o quadril costuma ser mais largo, o que altera o chamado ângulo Q, que é o alinhamento entre quadril, joelho e patela.
Quanto maior esse ângulo, maior a tendência do joelho inclinar levemente para dentro e da patela ser puxada para a parte lateral, aumentando a pressão na cartilagem entre a patela e fêmur.
Outra característica frequente é o joelho em leve valgo, quando os joelhos se aproximam e os pés ficam um pouco mais afastados.
Esse alinhamento, somado ao ângulo Q aumentado, ajuda a explicar parte de por que mulheres têm mais problemas de joelho mesmo realizando as mesmas atividades que homens.
Padrão de movimento e controle muscular
Durante saltos, mudanças rápidas de direção ou desaceleração, muitas mulheres apresentam o chamado valgo dinâmico, quando o joelho “cai” para dentro no momento de apoiar o pé.
Esse movimento aumenta o estresse sobre o ligamento cruzado anterior e sobre a patela.
Em grande parte dos casos, esse padrão está ligado a fraqueza ou atraso de ativação de músculos do quadril e glúteos, além de déficit de controle do tronco.
Para muitas atletas amadoras, ajustar o programa de fortalecimento já muda de forma importante a resposta do joelho durante corrida, futebol, vôlei ou cross training.
Influência dos hormônios na saúde do joelho
Os hormônios também entram nessa conta. O estrogênio, por exemplo, influencia a forma como a cartilagem se renova e torna os ligamentos um pouco mais elásticos.
Em certas fases do ciclo menstrual, essa variação hormonal pode afrouxar levemente os ligamentos do joelho, tirar um pouco da firmeza da articulação e aumentar a chance de entorses e outros machucados.
Na menopausa, a queda importante de estrogênio acelera o desgaste da cartilagem e favorece quadros de artrose, principalmente quando se somam sobrepeso, histórico de lesão antiga e fraqueza muscular.
Esse contexto mostra por que o acompanhamento com ortopedista especializado e, quando indicado, o cuidado com saúde hormonal são relevantes para quem já tem queixas de joelho ou histórico familiar de artrose.
Lesões de joelho mais comuns em mulheres
Algumas condições aparecem com muito mais frequência no joelho feminino e estão diretamente ligadas aos fatores descritos:
- Dor patelofemoral: dor na frente do joelho, pior ao subir escadas, agachar ou ficar muito tempo sentada, ligada ao aumento de pressão na patela.
- Instabilidade patelar e luxação de patela: tendência da patela “escapar” para fora, mais comum em mulheres com ângulo Q elevado, tróclea rasa e frouxidão ligamentar.
- Lesão do ligamento cruzado anterior: risco aumentado em esportes com salto, giro e mudança brusca de direção, como futebol, handebol e basquete.
- Lesões meniscais: ocorrem em torções do joelho, muitas vezes associadas a esforço em rotação com o pé preso ao solo.
- Artrose femorotibial e femoropatelar: desgaste da cartilagem, que aparece com mais frequência em mulheres acima dos 50 anos.
- Síndrome da banda iliotibial: dor na parte lateral do joelho, comum em corredoras de longa distância.
Conhecer esse perfil ajuda a estruturar programas de prevenção específicos para o público feminino, que vão muito além de “fortalecer um pouco a coxa”.
Como reduzir o risco de dor e lesão no joelho feminino
Depois de entender por que mulheres têm mais problemas de joelho, o passo seguinte é montar uma rotina de proteção articular. Alguns pilares são fundamentais:
- Fortalecimento direcionado: incluir exercícios para quadríceps, glúteos, isquiotibiais e musculatura do core, não apenas máquinas de academia tradicionais.
- Treino de controle de movimento: trabalhar agachamentos, saltos e mudanças de direção focando no alinhamento joelho-quadril-pé, evitando o valgo dinâmico.
- Aquecimento e mobilidade: preparar articulações e músculos antes de treinos mais intensos reduz o risco de entorses e sobrecarga.
- Escolha do calçado: tênis com bom suporte e amortecimento adequado ao tipo de pisada faz diferença na corrida e nas caminhadas longas.
- Gestão de carga: aumentar volume e intensidade de treinos de forma progressiva, com dias de descanso ativo.
- Cuidado com o salto alto: reservar para situações pontuais e alternar com calçados mais estáveis no dia a dia.
Quando procurar um especialista em joelho
Alguns sinais indicam que passa da hora de uma avaliação detalhada:
- Dor no joelho que persiste por mais de duas semanas.
- Inchaço recorrente após treinos ou caminhadas mais longas.
- Sensação de falseio, como se o joelho fosse “sair do lugar”.
- Estalos acompanhados de dor ou perda de movimento.
- Dificuldade para subir ou descer escadas, agachar ou ajoelhar.
O ortopedista ou o fisioterapeuta especializado em joelho pode solicitar exames, identificar fatores anatômicos e funcionais e montar um plano de tratamento e prevenção individualizado.
Quanto mais cedo esse cuidado começa, menores as chances de progressão para lesões estruturais e artrose.
FAQs
Por que mulheres têm mais problemas de joelho do que homens?
Mulheres apresentam quadril mais largo, ângulo Q maior, joelho em leve valgo e influência direta de hormônios sobre ligamentos e cartilagem. Quando se somam menor força em glúteos e core, uso de salto alto e treinos intensos sem preparo, o joelho recebe mais carga e fica mais vulnerável a dor e lesões.
Quais esportes aumentam o risco de lesão no joelho feminino?
Esportes com salto, giro e mudança brusca de direção, como futebol, handebol, vôlei e basquete, elevam o risco de lesão do ligamento cruzado anterior e de lesões meniscais. Corrida em alta quilometragem sem fortalecimento adequado também favorece dor patelofemoral e síndrome da banda iliotibial.
Salto alto pode prejudicar o joelho?
O uso frequente de salto alto altera o alinhamento do corpo, aumenta a flexão do joelho e concentra mais carga na região anterior da articulação. Em quem já tem dor ou desgaste, isso costuma piorar sintomas. Reservar o salto para momentos pontuais e alternar com calçados mais estáveis é uma estratégia mais segura.
Toda mulher com joelho valgo vai ter artrose?
Nem toda mulher com joelho valgo vai desenvolver artrose. O risco aumenta quando o valgo é acentuado e se soma a sobrepeso, histórico de lesão antiga, fraqueza muscular e atividades de alto impacto sem preparo. Fortalecimento, controle de peso e ajustes no treino reduzem bastante a chance de desgaste precoce.
O que ajuda a proteger o joelho feminino a longo prazo?
Programa regular de fortalecimento, treino de controle de movimento, atenção ao alinhamento do joelho em exercícios, gestão de carga de treino, escolha adequada de calçados e controle do peso corporal são pontos centrais. Avaliações periódicas com profissional de saúde ajudam a adaptar essas medidas a cada fase da vida.



