Lesões e Doenças do Joelho

Condromalácia patelar grau 3: sintomas e tratamento

A condromalácia patelar grau 3 indica uma lesão importante da cartilagem da patela, com fissuras profundas e comprometimento de grande parte da espessura.

O objetivo do tratamento é controlar a dor, melhorar a função e evitar progressão.

Cirurgia não é regra. Na maioria dos casos, um plano bem conduzido de fisioterapia, ajuste de carga e fortalecimento corrige o rastreamento da patela, reduz o atrito e devolve confiança ao movimento.

O que é a condromalácia patelar grau 3

No grau 3, há fissuras profundas na cartilagem que reveste a patela, mas sem exposição franca do osso subcondral.

Essa exposição caracteriza o grau 4. Entender essa diferença ajuda a definir metas realistas de recuperação e a necessidade de cada terapia.

Causas e fatores de risco

A condromalácia patelar grau 3 costuma surgir por sobrecarga repetida na articulação femoropatelar.

Veja os fatores que contribuem:

  • Biomecânica alterada do membro inferior, como valgo dinâmico.
  • Fraqueza de glúteo médio e rotadores do quadril.
  • Quadríceps descondicionado, principalmente vasto medial.
  • Pé hiperpronado e controle motor deficiente.
  • Carga de treino mal periodizada e superfícies duras.

Sinais e sintomas no dia a dia

Entre os principais sintomas da condromalácia patelar grau 3, destacam-se:

  • Dor na frente do joelho ao subir e descer escadas, agachar, levantar da cadeira e permanecer muito tempo sentado.
  • Estalos, sensação de areia ao mover a patela e inchaço leve após esforço são frequentes.
  • Em fases ativas, a dor pode limitar corrida e saltos.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico é clínico, com testes de rastreamento patelar e avaliação funcional.

Exames de imagem, como ressonância, ajudam a graduar a lesão e a descartar outras causas. A classificação orienta o plano, porém, os sintomas e a função guiam a decisão terapêutica.

Tratamento conservador eficaz

O primeiro passo para condromalácia patelar grau 3 é ajustar a dor e a carga, depois reconstruir força e controle.

O protocolo combina analgesia, educação, correção biomecânica e progressão de exercícios.

  • Educação e ajuste de carga: reduzir saltos e lances de escada, fracionar treinos, manter passos sem dor.
  • Fortalecimento do quadril: foco em glúteo médio e rotadores para controlar o valgo dinâmico.
  • Quadríceps: ênfase no vasto medial com cadeia fechada segura, como leg press com baixa carga e agachamento parcial.
  • Mobilidade de tornozelo e quadril para melhorar o padrão de movimento.
  • Taping e órteses do pé quando indicados, para melhorar o alinhamento durante a fase dolorosa.
  • Condicionamento aeróbico com baixo impacto, como bicicleta ergométrica e elíptico, respeitando o limite de dor.

Recursos complementares, como eletroterapia, crioterapia, viscossuplementação e PRP, podem ser considerados caso a caso.

O foco permanece no treino terapêutico e na reeducação de padrões de movimento.

Exercícios seguros para começar

  • Isométricos de quadríceps por 30 a 45 segundos, 3 a 5 séries.
  • Elevação de quadril e ponte unilateral, progressão com elástico.
  • Agachamento parcial até 45 a 60 graus, sem dor.
  • Step-up baixo com controle do joelho sobre o pé.
  • Cadeira abdutora e mini bands para ativação de glúteos.

Evite agachamentos muito profundos, saltos, corridas em descida e leg press com cargas altas nas primeiras semanas.

A reintrodução ocorre com critérios objetivos, como dor menor que 3 em 10 e ausência de inchaço no dia seguinte.

Quando considerar a cirurgia

Cirurgia entra em pauta quando a dor segue limitante após um ciclo bem executado de reabilitação.

Em condromalácia patelar grau 3, os procedimentos mais comuns são limpeza articular e tratamento de fatores mecânicos, como liberação lateral e realinhamentos seletivos.

A decisão é individual, baseada em sintomas, alinhamento, expectativas e atividades do paciente.

Prognóstico e retorno ao esporte

Com adesão ao programa, a maioria dos pacientes recupera a função e reduz a dor de forma consistente.

O retorno ao impacto depende de critérios objetivos, como força simétrica, salto sem dor e boa qualidade de movimento. A progressão é gradual para evitar flares dolorosos.

Prevenção e cuidados contínuos

Algumas orientações que compartilho com meus pacientes:

  • Manter força de quadril e quadríceps com treinos regulares.
  • Subir carga de forma progressiva em corridas e saltos.
  • Cuidar do peso corporal para reduzir pressão femoropatelar.
  • Trabalhar mobilidade de tornozelo e quadril.
  • Trocar calçados gastos e ajustar a pisada quando indicado.

Caso você suspeite de condromalácia patelar grau 3, agende uma consulta para poder avaliar seu quadro com mais atenção!

FAQs

Condromalácia patelar grau 3 precisa de cirurgia?

Não obrigatoriamente. A maioria responde a reabilitação focada em força de quadril e quadríceps, ajuste de carga e correção do padrão de movimento. Cirurgia é opção quando a dor persiste e limita a vida diária após um protocolo bem executado.

Quanto tempo leva para melhorar a dor no grau 3?

Muitos pacientes percebem melhora entre 6 e 12 semanas, com ganhos contínuos até 6 meses. Consistência no treino e controle de carga fazem diferença no ritmo de recuperação.

Quais exercícios devo evitar no início?

Evite agachar profundo, correr em descida, pular e leg press pesado. Reintroduza gradualmente quando não houver dor durante e após o treino, seguindo critérios funcionais.

Condromalácia patelar grau 3 tem cura?

A cartilagem não volta ao estado original. Mesmo assim, é possível zerar a dor, recuperar a função e viver bem com estratégias de fortalecimento, controle de carga e técnicas de proteção articular.

Posso correr com condromalácia patelar grau 3?

Sim, em muitos casos. A volta ocorre após controle de dor, força simétrica e padrão de movimento estável. Comece com trotes curtos em terreno plano e aumente tempo de forma progressiva.

Dr. Ulbiramar Correia

Ortopedista especialista em joelho Goiânia. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia). [CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240].

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