Lesões e Doenças do Joelho

Instabilidade rotatória anterolateral do joelho: como tratar

Entenda as causas e os principais tratamentos da instabilidade rotatória anterolateral do joelho, condição que compromete a estabilidade e o movimento da articulação.

A instabilidade rotatória anterolateral do joelho provoca falseio, insegurança e dor em movimentos de giro.

Quando surge após lesão do ligamento cruzado anterior, o atleta sente perda de confiança, queda de desempenho e receio de mudar de direção.

Aqui você encontra as causas, sinais de alerta, exames que realmente ajudam e como tratar, do conservador à cirurgia, com metas claras de reabilitação.

O que é a instabilidade rotatória anterolateral do joelho

É a dificuldade do joelho em controlar a rotação da tíbia em relação ao fêmur, especialmente em cortes, desacelerações e pivôs.

O controle depende do LCA, das estruturas anterolaterais, da cápsula e da banda iliotibial.

Quando parte desse sistema falha, surge o pivot shift positivo, que o paciente descreve como “sair do lugar”.

Causas e fatores que agravam

Nem toda torção resulta em instabilidade, porém, alguns cenários elevam o risco e merecem atenção.

  • Ruptura do LCA, isolada ou associada a lesão anterolateral.
  • Lesões capsulares e da região anterolateral, como avulsão tipo fratura de Segond.
  • Frouxidão ligamentar generalizada e recurvato.
  • Esportes com mudança de direção frequente, contato e alto volume de treinos.
  • Falhas prévias de reconstrução do LCA e técnicas não anatômicas.

Sinais e sintomas mais comuns

Os relatos costumam ser bem característicos e ajudam a guiar a investigação.

  1. Falseio ou escorregamento ao girar, descer degraus ou mudar de direção.
  2. Dor lateral ou difusa após treinos com cortes e pivôs.
  3. Inchaço pós-esforço e sensação de fraqueza.
  4. Perda de confiança para acelerar, saltar e pousar.

Como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico é clínico, reforçado por testes específicos e exames de imagem.

  • Avaliação clínica: testes de pivot shift, Lachman e gaveta anterior, comparando com o lado oposto.
  • Ressonância magnética: avalia LCA, cápsula anterolateral e possíveis sinais indiretos, como edema ósseo e lesões meniscais.
  • Radiografias: úteis para descartar fraturas e identificar a fratura de Segond.

Quando tratar de forma conservadora

Casos sem pivot shift marcante e com boa função muscular respondem bem a um protocolo estruturado.

  • Controle de dor e edema com gelo, proteção e carga progressiva.
  • Fortalecimento de quadríceps, isquiotibiais, glúteos e panturrilhas.
  • Treino de propriocepção e controle neuromuscular em cadeia cinética fechada.
  • Educação de movimento: aterrissagem, desaceleração e cortes seguros.
  • Retorno gradual ao esporte com critérios objetivos, não por tempo calendário.

Quando a cirurgia entra em cena

A indicação cresce quando há instabilidade rotatória persistente, pivot shift elevado e metas esportivas que exigem alto controle rotacional.

Em revisões de LCA, fratura de Segond, frouxidão importante e atletas jovens de esportes de corte, a associação de procedimento anterolateral pode ser considerada.

Opções cirúrgicas

O objetivo é restaurar a estabilidade anterolateral sem restringir demais a rotação fisiológica.

  • Reconstrução do LCA: técnica anatômica com enxerto e fixação adequada, foco no posicionamento correto dos túneis.
  • Procedimento anterolateral (tenodese da banda iliotibial ou reconstrução do ligamento anterolateral): complementa o LCA em casos selecionados para reduzir o pivot shift.
  • Tratamento das associadas: reparo meniscal e tratamento de lesões capsulares para preservar a biomecânica.

Reabilitação prática e retorno ao esporte

A reabilitação dirige o resultado. Como sempre explico aos meus pacientes, o plano deve ser progressivo, mensurável e individualizado:

  1. Ganho precoce de extensão completa e marcha sem desvios.
  2. Força simétrica, teste isocinético ou dinamometria como meta.
  3. Pliometria controlada, mudanças de direção e drills específicos do esporte.
  4. Critérios de retorno: força e salto com simetria, testes funcionais e ausência de apreensão.

Prevenção para reduzir recorrências

Programas de prevenção diminuem eventos de torção e melhoram a qualidade do movimento, como:

  • Aquecimento neuromuscular com foco em joelho, quadril e tronco.
  • Treino de aterrissagem suave e alinhada, evitando valgo dinâmico.
  • Calçados adequados ao piso e ao esporte, revisados periodicamente.
  • Carga bem distribuída na semana, com dias de recuperação real.

Se você se identificou com alguns dos sintomas relatados, agende uma consulta para confirmar ou não o diagnóstico de instabilidade rotatória anterolateral do joelho e iniciarmos logo o tratamento.

Perguntas frequentes

Instabilidade rotatória anterolateral do joelho sempre exige cirurgia?

Não. Muitos casos melhoram com fortalecimento, controle neuromuscular e ajustes técnicos. A cirurgia se reserva a instabilidade persistente, pivot shift elevado, revisões de LCA e atletas com alta demanda.

O ligamento anterolateral existe em todas as pessoas?

Ele pode variar. Mesmo assim, a região anterolateral cumpre papel relevante no controle rotacional e pode justificar procedimento extra articular quando há instabilidade significativa.

Ressonância magnética sempre enxerga a lesão anterolateral?

Ajuda bastante, porém a interpretação clínica e os testes de pivot shift continuam decisivos. O conjunto exame físico e imagem guia a indicação.

Quanto tempo para voltar a competir?

Depende de critérios funcionais, não apenas de semanas. Força, simetria de saltos, confiança e ausência de instabilidade precisam estar presentes antes do retorno pleno.

Procedimentos anterolaterais deixam o joelho “travado”?

Quando bem indicados e executados, visam reduzir o excesso de rotação patológica preservando a rotação fisiológica. O planejamento cirúrgico evita restrições indevidas.

Dr. Ulbiramar Correia

Ortopedista especialista em joelho Goiânia. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia). [CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240].

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