A fratura de Segond é uma pequena avulsão na margem lateral da tíbia, típica de entorses do joelho. Ela costuma vir acompanhada de lesão do ligamento cruzado anterior.
Identificar cedo e tratar com critério melhora as chances de retorno seguro ao esporte.
Fratura de Segond: o que é
Trata-se de um fragmento ósseo arrancado onde as estruturas anterolaterais do joelho se inserem na tíbia lateral.
Em geral, ocorre com rotação interna da perna associada a estresse em varo, comum em mudanças bruscas de direção, aterrissagens e cortes rápidos em esportes.
Apesar de pequena, a fratura de Segond sinaliza que houve força suficiente para afetar ligamentos e meniscos. Por isso, é considerada um marcador de instabilidade do joelho.
Relação com o LCA e o complexo anterolateral
A fratura de Segond aparece com frequência em pacientes com lesão do LCA. O fragmento indica tração no complexo anterolateral, que ajuda a controlar a rotação da tíbia.
Quando ele falha, o LCA costuma estar comprometido e o menisco, especialmente o corno posterior, pode sofrer lesão associada.
Também existe o chamado Segond reverso, menos comum, visto na borda medial da tíbia, geralmente associado a estresse em valgo e lesões do ligamento colateral medial. O conceito é semelhante, mas muda o lado e o mecanismo.
Causas e situações de risco
Movimentos de giro sobre o pé fixo, desaceleração súbita, mudanças rápidas de direção e contato com o joelho levemente flexionado aumentam o risco.
Esportes como futebol, basquete e esqui concentram a maioria dos casos. Histórico de entorses prévias e déficit de força ou controle neuromuscular também elevam a chance de nova lesão.
Sinais e sintomas
Entre os achados mais comuns, destaco:
- Dor lateral imediata.
- Estalo no momento do trauma.
- Inchaço rápido por derrame articular.
- Sensação de falseio.
Nem sempre o paciente consegue continuar em quadra ou no campo, e subir ou descer escadas pode piorar a dor nas primeiras horas.
Diagnóstico
A avaliação clínica investiga o mecanismo do trauma, os pontos dolorosos e os testes de estabilidade.
- A radiografia em AP costuma mostrar um pequeno fragmento elíptico junto ao planalto tibial lateral.
- A ressonância magnética complementa a análise, identifica lesões do LCA, meniscos e demais ligamentos, e ajuda a planejar o tratamento.
- A tomografia é útil quando há dúvida sobre tamanho, deslocamento do fragmento ou outras fraturas.
Tratamento: quando conservar e quando operar
O manejo do fragmento ósseo, na maioria dos casos, é conservador.
Analgésicos, controle do edema com gelo nas primeiras 48 a 72 horas, proteção com imobilizador funcional e apoio progressivo conforme a dor permitem cicatrização adequada.
O foco terapêutico costuma recair sobre as lesões associadas. Se houver ruptura do LCA e instabilidade clínica, a reconstrução do LCA é considerada.
Em situações específicas, o cirurgião pode indicar procedimentos complementares no plano anterolateral para melhorar o controle rotacional.
A fixação direta do fragmento da fratura de Segond é pouco frequente e reservada a avulsões grandes com deslocamento relevante.
Reabilitação passo a passo
A fisioterapia começa cedo com controle da dor e do inchaço, ganho de extensão completa e flexão gradual, ativação do quadríceps e do glúteo.
Na sequência entram exercícios de força para cadeia posterior, treino de equilíbrio e educação do padrão de movimento.
A corrida leve inicia quando não há dor, o arco de movimento está liberado e o controle de impacto estável. O retorno ao esporte exige salto, mudança de direção e teste funcional sem queixas.
Retorno ao esporte com segurança
O tempo depende do conjunto de lesões e do tratamento escolhido.
Indicadores úteis incluem força simétrica entre as pernas, ausência de dor e derrame, testes de salto e agilidade equiparáveis, além de confiança para executar mudanças de direção.
Prevenção de novas lesões
- Programas neuromusculares com agachamentos bem executados, pliometria controlada, aterrissagem com joelhos alinhados, treino de core e equilíbrio reduzem eventos de entorse.
- Aquecimento estruturado antes do jogo, calçado adequado para o piso e progressão de carga ajudam a proteger o joelho.
- Manter força de quadríceps e isquiotibiais equilibrada é um alvo constante.
Quando procurar o ortopedista
Dor intensa, inchaço rápido, sensação de deslocamento ou instabilidade ao caminhar pedem avaliação especializada. A persistência de sintomas após uma entorse não deve ser ignorada.
Diagnóstico e início de cuidados logo após o trauma aumentam a chance de recuperação completa.
FAQs
A fratura de Segond cicatriza sozinha?
Na maioria dos casos sim, o fragmento é pequeno e consolida com proteção e reabilitação. O ponto crítico é identificar e tratar as lesões associadas, como a ruptura do LCA.
Sempre que existe fratura de Segond o LCA está rompido?
Há forte associação, a chance de lesão do LCA é alta, por isso a ressonância magnética costuma ser solicitada para confirmar o quadro e mapear outras estruturas.
O que é Segond reverso?
É uma avulsão na borda medial da tíbia, geralmente ligada a estresse em valgo e lesão do ligamento colateral medial. O princípio é semelhante, muda o lado e o mecanismo.
Quando a cirurgia é indicada?
Quando há instabilidade com ruptura do LCA ou outras lesões que prejudicam a função. A decisão considera sintomas, exame físico, demandas esportivas e achados da imagem.
Quanto tempo para voltar ao esporte?
O prazo varia conforme o tratamento e a resposta individual. O retorno ocorre quando a força está simétrica, não há dor ou derrame e os testes funcionais estão satisfatórios.