Lesões e Doenças do Joelho

Fratura do planalto tibial: tratamento e recuperação

Entenda como é feito o tratamento da fratura do planalto tibial e quais são as etapas da recuperação para restaurar a mobilidade do joelho.

A fratura do planalto tibial envolve a parte superior da tíbia, região que forma a base da articulação do joelho.

Quando essa área quebra, há risco para a cartilagem e para a estabilidade do joelho, o que pode acelerar o desgaste articular se o cuidado não for adequado.

Como ortopedista especialista em cirurgia de joelho, reuni neste conteúdo tudo que você precisa saber sobre fratura do planalto tibial, desde os causas até a reabilitação.

Fratura do planalto tibial: o que é e por que preocupa

O planalto tibial possui dois platôs, medial e lateral, ambos recobertos por cartilagem.

A fratura pode surgir em traumas de alta energia em pessoas jovens ou em quedas domésticas em idosos com osso mais frágil.

Preservar o alinhamento e a congruência articular é essencial para evitar dor crônica e artrose.

Causas mais comuns

O mecanismo de trauma ajuda a prever o padrão de fratura e o plano de tratamento. Em geral, ocorre por carga axial combinada a varo ou valgo.

  • Acidentes com moto, bicicleta ou carro.
  • Quedas de altura com joelho estendido.
  • Torções com sobrecarga durante esportes.
  • Quedas da própria altura em idosos com osteopenia.

Sintomas que exigem atenção

Dor aguda no joelho e aumento de volume são sinais iniciais. Em casos mais graves, podem surgir achados de urgência.

  • Dor intensa e incapacidade de apoiar o peso.
  • Inchaço rápido por hemartrose.
  • Bolhas de tensão na pele, ferida aberta com osso exposto.
  • Formigamento ou palidez do pé, sugerindo comprometimento vascular.

Exames para confirmar o diagnóstico

O exame físico orienta as suspeitas, e a imagem define a estratégia.

  • Radiografias em duas incidências para confirmar o traço.
  • Tomografia para mapear fragmentos, depressões e planejar a cirurgia.
  • Ressonância em casos selecionados, quando há suspeita de lesões de meniscos e ligamentos.
  • Avaliação vascular quando houver dor desproporcional, palidez ou ausência de pulso.

Classificação

Os padrões variam de linhas de fratura sem desvio até depressões do platô e quebras que atingem os dois lados.

Quanto maior o desvio, a depressão da superfície e o número de fragmentos, maior a complexidade e a chance de cirurgia.

Quando tratar sem cirurgia

Casos estáveis e com desvio mínimo podem evoluir bem com imobilização e restrição de carga. A decisão é clínica e radiográfica.

  • Desvio até 2 mm e sem instabilidade.
  • Pele íntegra e partes moles preservadas.
  • Plano de reabilitação com mobilidade controlada.
  • Retorno gradual de carga entre 6 e 12 semanas, conforme consolidação.

Indicações de cirurgia

O objetivo da cirurgia é restaurar o nível articular, o alinhamento e a estabilidade do joelho.

Em lesões de alta energia, pode ser necessário um estágio inicial para proteger a pele e o músculo antes da fixação definitiva.

Veja quando a cirurgia é indicada:

  • Degrau articular significativo ou depressão do platô.
  • Desvios angulares e instabilidade mecânica.
  • Fratura exposta, síndrome compartimental ou lesão vascular.
  • Fraturas bicondilares que comprometem ambos os platôs.

Como é a cirurgia

O ortopedista escolhe o acesso conforme o traço e o lado comprometido.

Podem ser usados enxerto ósseo para elevar depressões, parafusos, placas bloqueadas e, em situações específicas, fixadores externos temporários para controlar o inchaço antes da síntese definitiva.

Pós-operatório e reabilitação

A fisioterapia começa cedo, respeitando dor e estabilidade. O protocolo varia de acordo com o padrão de fratura do planalto tibial e a fixação alcançada.

  1. Gelo e elevação do membro nas primeiras semanas.
  2. Controle de dor e proteção de partes moles.
  3. Ganho progressivo de amplitude de movimento com foco em extensão completa.
  4. Fortalecimento de quadríceps e cadeia posterior em fases.
  5. Liberação de carga conforme consolidação radiográfica.

Possíveis complicações

Mesmo com tratamento adequado, podem surgir intercorrências. Reconhecer cedo melhora o desfecho.

  • Rigidez do joelho e perda de amplitude.
  • Infecção superficial ou profunda.
  • Mau alinhamento e degeneração articular precoce.
  • Pseudoartrose e dor persistente ao apoiar.
  • Trombose venosa em casos de imobilidade prolongada.

Tempo para voltar às atividades

Mobilidade sem carga costuma iniciar nas primeiras semanas, sempre orientada. A carga total varia entre 8 e 12 semanas em muitos casos, podendo se estender nos padrões complexos.

Esportes de impacto exigem consolidação sólida e controle neuromuscular antes da liberação.

Sinais de alerta: quando procurar avaliação

Marque sua consulta caso observe os seguintes sinais:

  • Dor que piora com repouso e medicação.
  • Pé frio, pálido ou formigando.
  • Ferida que abre ou secreção na incisão.
  • Inchaço que não reduz e dificuldade crescente para mover o joelho.

FAQs

Fratura do planalto tibial sempre precisa de cirurgia?

Não. Fraturas estáveis e com mínimo desvio podem ser tratadas com imobilização, restrição de carga e fisioterapia, desde que o alinhamento se mantenha nos controles.

Quanto tempo sem apoiar o pé?

De 6 a 12 semanas em muitos protocolos. O ortopedista define de forma individual conforme consolidação e estabilidade.

Existe risco de artrose após a fratura?

Sim. Se a superfície articular não for restaurada ou se houver mau alinhamento, aumenta o risco de desgaste precoce. O manejo correto reduz essa chance.

Quando posso voltar a correr?

Somente após consolidação, amplitude adequada e força equilibrada. Em fraturas simples pode levar alguns meses, em padrões complexos pode passar de um ano.

Dr. Ulbiramar Correia

Ortopedista especialista em joelho Goiânia. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia). [CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240].

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