Síndrome de Hoffa: o que é, sintomas e tratamento

A síndrome de Hoffa é uma inflamação do coxim gorduroso infra-patelar que causa dor na parte anterior do joelho.

O quadro pode surgir após sobrecarga, microtraumas ou alterações de biomecânica.

Baseado em minha experiência na área de ortopedia de joelho, reforço sempre que identificar cedo reduz o tempo de recuperação e evita recidivas.

Síndrome de Hoffa: o que é

A gordura infrapatelar (conhecida como gordura de Hoffa) fica entre o tendão patelar e a porção anterior do fêmur e da tíbia.

Atua como amortecedor, reduzindo atrito dentro do joelho e ajudando a distribuir cargas.

Quando sofre microtraumas, impactos repetidos ou atritos por desalinhamentos, ocorre um processo inflamatório que chamamos de síndrome de Hoffa ou hoffite.

Causas mais comuns

O gatilho costuma combinar carga, repetição e controle motor limitado. Veja as causas mais frequentes:

  1. Hiperextensão repetida do joelho e rotações mal controladas.
  2. Desequilíbrios musculares em quadril e coxa.
  3. Valgo dinâmico, patela alta ou tróclea rasa.
  4. Retorno apressado ao esporte ou aumento brusco de volume de treino.
  5. Condições associadas, como condromalácia e tendinopatias.
  6. Sobrepeso e déficit de força do core.

Sintomas

O padrão de dor ajuda no reconhecimento clínico. Grande parte dos pacientes se queixa de:

  • Dor anterior ao agachar, subir ou descer escadas.
  • Sensibilidade nas bordas do tendão patelar.
  • Edema localizado e sensação de “travar”.
  • Rigidez para estender ou flexionar totalmente.

Diagnóstico: clínica em primeiro plano

O diagnóstico é clínico, baseado na história e no exame físico. Testes que reproduzem o “beliscão” anterior com extensão ativa ajudam a identificar o foco doloroso.

A ultrassonografia pode mostrar espessamento e sinais inflamatórios da gordura, enquanto a ressonância magnética detalha o edema e descarta lesões associadas, como patela alta/baixa significativa, condropatias e tendinopatias.

Os exames complementam, mas não substituem a boa anamnese e o exame físico.

Tratamento

O foco está em controlar a inflamação e corrigir os fatores que mantêm a dor:

  • Fase analgésica curta: modulação de carga, gelo e medicação prescrita.
  • Fisioterapia: fortalecimento de quadríceps, glúteos e core, trabalho de controle do valgo dinâmico, mobilidade de tornozelo e quadril.
  • Taping ou faixa de alinhamento quando indicado para reduzir a compressão anterior.
  • Educação do paciente: retorno gradual ao esporte e ajuste de volume, intensidade e técnica.
  • Procedimentos: infiltração guiada é exceção, reservada a casos refratários.

Exercícios úteis

A seleção respeita a dor e controle motor. Inicie com baixa carga e evolua conforme a tolerância.

  • Ponte de quadril e abdução em cadeia fechada.
  • Agachamento parcial com joelho alinhado à ponta do pé.
  • Passada/afundo controlado, foco em estabilidade pélvica.
  • Isométricos de quadríceps em extensão curta.
  • Treino proprioceptivo em apoio unipodal.

Quando pensar em cirurgia

A artroscopia só entra em pauta após reabilitação bem conduzida e sem resposta clínica.

A ressecção parcial do tecido é restrita e planejada, pois a gordura de Hoffa exerce função de proteção articular.

Prevenção e manutenção

Prevenção combina técnica, força e dosimetria de treino. A minha orientação é implementar pequenos ajustes:

  1. Fortaleça glúteos e quadríceps, cuide da mobilidade do tornozelo.
  2. Evite saltos e hiperextensão enquanto houver dor.
  3. Progrida a carga semanal de forma gradual.
  4. Revise a mecânica de corrida e o encaixe do calçado.
  5. Mantenha acompanhamento periódico com ortopedista e fisioterapeuta

Se a dor na parte anterior do joelho está limitando seus treinos, agende sua avaliação para fechar o diagnóstico e montar um plano de reabilitação personalizado.

FAQs

Síndrome de Hoffa tem cura?

Na maioria dos casos, sim. Reabilitação bem estruturada e controle de carga resolvem o quadro e evitam recidivas.

Quanto tempo leva para melhorar?

Casos leves respondem em poucas semanas. Quadros persistentes pedem 8 a 12 semanas de fisioterapia com progressão de carga.

Posso continuar treinando com dor?

Treinos podem continuar com ajustes de volume e sem piora da dor durante e após a sessão. Picos de dor indicam redução imediata de carga.

Infiltração é necessária?

Somente em casos selecionados e refratários. A prioridade é fisioterapia, educação e controle de carga.

Dr. Ulbiramar Correia
Dr. Ulbiramar Correia

Ortopedista especialista em joelho Goiânia. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia). [CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240].

Artigos: 357