Lesões e Doenças do Joelho

Síndrome de Ahlback: causas, sintomas e tratamento

Saiba o que é a Síndrome de Ahlback, suas principais causas, sintomas e tratamentos indicados para preservar a articulação do joelho.

A síndrome de Ahlback descreve uma lesão do osso subcondral no joelho, geralmente no côndilo femoral medial, com dor súbita e risco de colapso da superfície articular.

Reconhecer cedo a condição permite intervenções que preservam a cartilagem e aceleram a recuperação.

O que é a síndrome de Ahlback

É uma necrose do osso logo abaixo da cartilagem do joelho, que pode evoluir para rebaixamento da superfície articular.

A síndrome de Ahlback aparece como osteonecrose espontânea do joelho em muitos pacientes, com maior incidência no compartimento medial.

O quadro relaciona-se a microfraturas por insuficiência e a falhas de irrigação no osso subcondral, podendo surgir dor localizada, edema e limitação funcional após esforços simples.

Quem tem mais risco

Alguns perfis apresentam maior probabilidade de desenvolver a lesão devido à sobrecarga mecânica ou alteração da qualidade óssea:

  • Idade média ou avançada, com maior ocorrência em mulheres.
  • Excesso de peso e trabalhos longos em pé.
  • Esportes de impacto sem progressão adequada de carga.
  • Desalinhamentos, como varo do joelho, que concentram força no lado medial.
  • Uso prolongado de corticoide.
  • Doenças que afetam a microcirculação óssea.

Sinais que pedem avaliação

A dor costuma surgir de forma aguda após um esforço simples, como descer escadas ou caminhar por longos trechos.

O incômodo melhora no repouso e retorna em subidas, giros e agachamentos, podendo haver inchaço, rigidez curta pela manhã e sensação de fraqueza ao apoiar.

Diagnóstico: do consultório aos exames

A história clínica e o exame físico orientam os primeiros passos. Os exames de imagem confirmam a extensão e guiam o tratamento.

  • Radiografias em carga: mostram redução do espaço articular e sinais de colapso conforme a evolução.
  • Ressonância magnética: detecta edema ósseo e necrose subcondral em fase precoce.
  • Tomografia: útil para mensurar deformidades e planejar o procedimento cirúrgico quando necessário.

Classificações e estágios

  1. Os estágios iniciais exibem edema e pequenas áreas de necrose, sem deformidade.
  2. Fases intermediárias já apresentam rebaixamento do osso subcondral.
  3. Nos estágios avançados, surgem colapso e artrose localizada.

A graduação orienta a escolha entre tratamento conservador e cirurgia.

Tratamento conservador: quando é possível

Nas fases iniciais da síndrome de Ahlback, o foco é controlar a dor, proteger o osso e recuperar função com segurança.

  • Descarga parcial com muletas por período orientado.
  • Ajuste de atividades, priorizando terrenos planos e evitando giros rápidos.
  • Medicamentos para dor e inflamação conforme prescrição.
  • Fisioterapia com mobilidade, fortalecimento de quadríceps e glúteos, treino de marcha e controle do valgo ou varo dinâmico.
  • Perda de peso quando indicado.
  • Palmilhas ou joelheiras descarregadoras em casos selecionados.

Opções cirúrgicas

Indica-se cirurgia quando há dor persistente, colapso evidente ou falha do manejo conservador. A escolha depende de idade, alinhamento, extensão da lesão e expectativa funcional.

  • Descompressão e estímulo ósseo em lesões pequenas, sem deformidade.
  • Osteotomia tibial para realinhar o eixo e reduzir a carga no compartimento doente.
  • Artroplastia unicompartimental quando o dano está restrito a um lado.
  • Artroplastia total do joelho em artrose difusa com deformidade extensa.

Reabilitação: do pós-diagnóstico ao retorno de rotina

O plano é individual, porém, segue pilares que aceleram a recuperação sem agravar a lesão.

  1. Controle de dor e edema nas primeiras semanas, com gelo e elevação.
  2. Ganho de amplitude sem provocar dor.
  3. Fortalecimento progressivo em cadeia cinética fechada e estabilidade de tronco.
  4. Treino de marcha com apoio parcial, avançando para carga total conforme liberação.
  5. Retorno gradual a caminhadas, bicicleta ergométrica e tarefas funcionais.

Prevenção de recaídas

Manter o joelho protegido após o tratamento da síndrome de Ahlback reduz novos episódios e amplia os resultados a longo prazo.

Como especialista em joelho, compartilho com meus pacientes as seguintes recomendações:

  • Calçados adequados e, se indicado, palmilhas para alinhamento.
  • Rotina de fortalecimento de quadríceps, isquiotibiais e glúteos.
  • Planejamento de treinos com variação de impacto e dias de recuperação.
  • Técnica controlada para agachar, saltar e mudar de direção.
  • Gestão do peso corporal.

Quando procurar ajuda especializada

Agende sua consulta em caso de dor que não melhora em duas a três semanas, inchaço recorrente, sensação de falha ao apoiar e limitação para tarefas simples.

O diagnóstico precoce amplia as chances de preservar a cartilagem e evitar cirurgia maior.

FAQs

Síndrome de Ahlback é a mesma coisa que osteonecrose espontânea do joelho?

Os termos são usados em conjunto em muitos casos. A apresentação típica envolve dor medial súbita, edema ósseo e risco de rebaixamento subcondral.

A síndrome de Ahlback sempre precisa de cirurgia?

Não. Lesões iniciais costumam responder a descarga parcial, fisioterapia e controle de dor. Cirurgia entra quando há colapso, dor persistente ou falha do tratamento conservador.

Quanto tempo leva para voltar a caminhar sem dor?

Depende do estágio. Em quadros leves, a melhora surge em semanas. Após procedimentos de realinhamento ou artroplastia, o cronograma é mais longo e segue liberação médica.

Quais exercícios ajudam na recuperação?

Fortalecimento de quadríceps e glúteos, exercícios de cadeia cinética fechada, treino de equilíbrio e bicicleta ergométrica costumam ser seguros quando autorizados pelo profissional.

Dr. Ulbiramar Correia

Ortopedista especialista em joelho Goiânia. Membro titular da SBCJ (sociedade brasileira de cirurgia do joelho), SBRATE (sociedade brasileira de artroscopia e trauma esportivo) e da SBOT(sociedade brasileira de ortopedia e traumatologia). [CRM/GO: 11552 | SBOT: 12166 | RQE: 7240].

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